Quando alguém passa por uma perda de peso muito grande — especialmente quando há redução de massa muscular — o verdadeiro desafio não é simplesmente recuperar o peso, e sim reconstruir o tecido certo.
O educador físico Márcio Atalla, embaixador da Relaxmedic e especialista em treinamento de alto rendimento, explica que o impacto da perda muscular vai muito além da estética: ela afeta diretamente o metabolismo.
A perda muscular e o “preço metabólico”
Emagrecer rapidamente pode até parecer um resultado positivo, mas quando boa parte desse peso perdido vem do músculo, o organismo sofre.
“O tecido muscular é metabolicamente ativo, enquanto a gordura é um tecido muito menos exigente”, destaca Atalla. Isso significa que, quanto menos músculo, menos energia o corpo consome ao longo do dia, o que desacelera o metabolismo.
Segundo ele, dietas extremamente restritivas ou condições de saúde que provocam emagrecimento acentuado tornam essa perda de massa magra ainda mais comum. “Quando a perda muscular é grande, a redução no gasto energético basal é inevitável”, afirma.
O perigo de recuperar o peso da forma errada
O problema se torna maior quando acontece o famoso “efeito sanfona”.
“Atalla alerta: se uma pessoa perde 15 kg e depois recupera esse peso, é muito provável que a maior parte volte na forma de gordura, não de músculo.” Isso altera a composição corporal e compromete diversas funções do organismo.
Por que o músculo é tão valioso?
A diferença entre músculo e gordura é expressiva:
- 1 kg de músculo gasta cerca de 40 calorias por dia
- 1 kg de gordura consome apenas cerca de 8 calorias
Ou seja, o músculo exige aproximadamente cinco vezes mais energia para se manter. É por isso que ele é tão importante para manter o metabolismo ativo.
Como recuperar a massa muscular perdida
Reconstruir a massa magra não depende apenas de comer mais — envolve uma estratégia combinada de treinamento e alimentação.
1. Exercícios certos
“Atividades que estimulam diretamente a musculatura são essenciais”, explica Atalla. Entre elas:
- Musculação
- Pilates
- Treinos funcionais
Esses estímulos criam pequenas microlesões no músculo. No processo de reparo — quando o corpo reconstrói essas fibras — ocorre o crescimento muscular.
2. Alimentação adequada
A proteína é peça-chave nesse processo.
Consumir a quantidade adequada ao longo do dia fornece os “tijolos” necessários para reconstruir o tecido muscular. “Mas só proteína não resolve. O músculo precisa ser acionado pelo exercício para que esse nutriente seja aproveitado”, reforça o especialista.
O tempo de recuperação varia conforme o histórico e a condição física de cada um, podendo levar semanas ou até meses — mas os resultados chegam com constância.
Foco na recomposição corporal
Mais do que olhar o peso na balança, Atalla recomenda atenção à qualidade desse peso.
“É totalmente possível recuperar o músculo perdido. Isso traz mais energia, mais saúde e um metabolismo mais eficiente”, afirma.
Prevenir ainda é o melhor caminho
Para Atalla, evitar ciclos de perda e ganho de peso é fundamental — principalmente quando envolvem perda de massa muscular. Mas, caso isso já tenha acontecido, ele deixa uma mensagem importante: é possível reverter a situação.
“Com acompanhamento e disciplina, o corpo responde. O importante é não desistir.”